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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Lack Of Interest


O Lack Of Interest foi formado em 1990, época em que o power violence estava emergindo na Califórnia. Sua principal influência era o Infest, mas com bases um pouco mais rápidas e complexas, com mais variações, ao estilo do No Comment. 

Seu primeiro álbum foi lançado em 1993 pela Slap A Ham, o split 7" EP com o Slave State. Naquele momento a banda contava com os bons vocais de Mike. Em seguida veio outro EP, o split com o Stapled Shut lançado pela Deep Six em 1997. Neste mesmo ano a Deep Six lançou o excelente split com o Spazz, mas já contando com Rick no vocal. As duas bandas destroem neste split. Mais tarde o EP foi relançado como CD, adicionando gravações ao vivo de ambas bandas.

Por volta de 1998, o Lack Of Interest chegou a gravar uma demo com o Trevor Fairbanks (Scalplock, Peter Mangalore) nos vocais, mantendo o bom nível das músicas da banda e com várias que fariam parte do LP. Estas gravações não chegaram a ser lançadas oficialmente.

Finalmente foi a vez do primeiro full lenght da banda, o Trapped Inside, que saiu em CD e LP em 1999 pela Slap A Ham. Gosto muito deste disco que é o meu preferido da banda, embora muitos prefiram o disco seguinte, que logo será mencionado. Nas funções de bateria, baixo e guitarra, mantinham-se sempre Bob (Low Threat Profile, Burn Your Bridges), Mike e Isack, respectivamente, enquanto os vocais sempre foram uma incerteza. No Trapped Inside não foi diferente, e os vocais monstruosos de Rick estavam lá e que, em uma primeira audição pode parecer mais um cão raivoso latindo. 


O próximo lançamento da banda foi apenas em 2006, com o também ótimo Never Back Down, lançado pela Deep Six em CD e LP. Para manter o costume, foi novamente a vez de Mike substituir Rick nos vocais. Este é um disco diferente do anterior, cada vocalista tem seu estilo e, enquanto o o Trapped Inside é um hardcore mais reto com partes mais rápidas, o Never Back Down é o que possui as músicas mais complexas e repletas de variações, chegando a soar mais thrashcore, porém, ambos são excelentes discos e contam com um ótimo baterista.

Em 2010 foi lançado um novo split EP com o Capitalist Casualties e em 2012 um split com o Weekend Nachos. Eles continuaram mudando a formação, chegando a ter Rick e Mike ao mesmo tempo nos vocais. Também tiveram mudanças no baixo e guitarra, inclusive com um participação de Chris Dodge como baixista.

Seu último registro foi o split LP com o Bastard Noise, nesta álbum contando com os vocais de Rick e Mike, o baixo de Chris Dodge e Bob, sempre na bateria e Kevin no baixo. Os três últimos também formam o To The Point, ótima banda, com os vocais de Chris Dodge.

O Lack Of Interest participou de inúmeras coletâneas, como Bllleeeeaaauuurrrrgghhh! - A Music War, This Comp Kills Fascists: Vol. 2, Deadly Encounters Vol. 1, Reality Part #2 e #4, SuperSabado Gigante, The Best Of Slap A Ham Records Fiesta Grande 1-5 e Cry Now, Cry Later.

Lack Of Interest - Slave State Split EP (1993)

Lack Of Interest - Spazz Split EP (1997)

Lack Of Interest - Stapled Shut Split EP (1997)

Trapped Inside (1999)

Never Back Down (2005)

Lack Of Interest - Capitalist Casualties Split EP (2010)

Lack Of Interest - Weekend Nachos Split EP (2012)

Lack Of Interest - Bastard Noise LP (2013)

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Capitalist Casualties


O Capitalist Casualties é uma das mais importantes bandas do power violence, sendo formada ainda antes deste gênero ser assim chamado, em 1987. Apesar de não soar como a maioria das bandas de power violence da época, ainda assim é considerada como integrante, já que na época o power violence era mais visto como uma comunidade de algumas poucas bandas de locais próximos, letras similares, que costumavam tocar juntas. Sua primeira demo é datada de 1988, uma tape com 26 músicas gravada no lendário Gilman Street. Na época a formação contava com Shawn nos vocais, Matt na bateria, Jeff no baixo e Bowen na guitarra. O som nesta demo era um hardcore remetendo aos primeiros registros do DRI. O próximo álbum foi o EP The Art Of Ballistics, lançado pela Slap A Ham, já com um som mais rápido, vocais raivosos e contando com Mike, o guitarrista mais icônico da banda, com o seu estilo inconfundível. 


Em seguida, continuando na Slap A Ham, veio o primeiro full lenght da banda, o LP/CD Disassembly Line, cuja versão em CD ainda continha o primeiro EP como bônus.
Basicamente com esta formação, o Capitalist Casualties lançou seus próximos registros: o split com o The Dread, outra banda de Jeff, sendo o primeiro lançamento do selo dele, o Six Weeks; os EPs Raised Ignorant; Live Butchery; o split com o Discordance Axis e o excelente split LP com o Man Is The Bastard, um dos clássicos do power violence. A banda seguia bastante produtiva e nesta fase ainda saíram o split com o MDC, com os japoneses do Slight Slappers, com o Ulcer e com a alemã Stack.  

Boa parte desta fase foi reunida na compilação A Collection Of Out-Of-Print Singles, Split EP's And Compilation Tracks. Então a banda sofreu uma alteração, entrando Max Ward (Spazz, Plutocracy) na bateria, trazendo seu estilo característico. Com isso, o som acabou ganhando mais toques de thrashcore, com um ritmo mais quebrado e indo mais próximo da sonoridade power violence. Nesta fase a banda lançou os álbuns:  Os EPs Dope And War, Dark Circle e Planned Community , o LP Subdivisions in Ruin e os splits EP com Monster X, Unholy Grave e Macabre.
Esta outra fase da banda foi documentada na coletânea 1996-1999 Years In Ruin ‎(CD, Six Weeks).


Durante os anos 2000 o Capitalist Casualties não lançou muitos álbuns, mas volta com mais força por volta de 2008, agora com Haroldo na bateria, voltando a um som mais reto. Assim, lançaram os ótimos splits com Hellnation, Lack of Interest, e outros nem tanto como com o No Comply e Human Trade, e o LP gravado ao vivo no Japão, Live In Nagoya.
Com a extensa discografia da banda, nem todos álbuns são essenciais, mas no geral, o Capitalist Casualties tem uma ótima discografia, com excelentes músicas e letras críticas e inteligentes.

Nuclear National Park Demo Cassete (1988)

The Art Of Ballistics 7" EP (1991)

Disassembly Line CD/LP (1992)

Capitalist Casualties - Man Is The Bastard Split LP (1994)

A Collection Of Out-Of-Print Singles, Split EP's And Compilation Tracks CD (1997)

Subdivisions In Ruin CD/LP (1999)

1996 - 1999 Years In Ruin CD (2004)

Capitalist Casualties - Hellnation CD/LP (2008)

Capitalist Casualties - Lack Of Interest 7" EP (2010)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Alguns bons álbuns de 2013

Compensando um pouco a falta de posts, trago com um certo atraso uma lista de alguns álbuns de 2013 que me chamaram a atenção. Podem não ser os melhores, e claro que faltarão muitos, mas considero estes bons discos para quem gosta de hardcore, em especial os mais rápidos. Espero que gostem.

Abuse. - Self Titled LP / A New Low EP
Primeiro LP da banda que toca um ótimo powerviolence inspirado nos mestres Infest e Crossed Out. 17 músicas de um som rápido e bem feito com direito à passagens mais lentas.
Este registro está com uma gravação mais limpa do que o EP A New Low, também de 2013, que é mais bruto e cru, e que, por sinal, me agrada mais e lembra mais a brutalidade old school do powerviolence californiano. Ambos recomendados. 
Downloads: Abuse LP A New Low EP


ACxDC - Magnum Force - Sex Prisoner 3 Way Split LP
Split 10" LP com três grandes nomes do powerviolence americano atual. O mais famoso ACxDC é a que menos gostei no split, o que não significa que as músicas sejam ruins, mas gosto mais da sonoridade mais bruta e do vocal das outras bandas. Um álbum que nos prova que o powerviolence ainda está vivo e continua poderoso e violento. Rá! Download


Archagathus - Nakay Split LP 
Os canadenses do Archagathus não param de lançar discos e desta vez dão as caras neste split. Não há muito o que falar sobre este ícone atual do grindcore, discípulo de Agathocles e Mesrine. Ja o Nakay, conheci recentemente pelo split com o Unholy Grave e fiquei surpreendido. O som aqui é um grindcore brutalmente executado em 12 músicas rápidas e curtas, desta vez deixando de lado os traços de black metal que traziam em outros álbuns e lembrando mais bandas como o Insect Warfare. Download

Backslider - Consequences 10" LP
O Backslider é uma das mais interessantes e criativas bandas do powerviolence atual. Com influências de Lack Of Interest e No Comment, o duo chega ao seu primeiro LP, após vários EPs e splits. As músicas aqui estão um pouco mais demoradas e surpreendem por alguma influência do stoner rock e boas doses de sludge, mas não se engane, a banda é competente e sabe aplicá-las com maturidade e executar muito bem estes elementos à sua habitual velocidade. 
Download

Bastard Noise - Lack Of Interest Split LP
Um dos motivos de atrasar a postagem desta lista foi conseguir ouvir este split, que pra mim mereceria um lugar. E eu estava certo. O split começa com o Bastard Noise mostrando estar em um de seus melhores momentos e lembrando os tempos de Man Is The Bastard. A banda deixou um pouco de lado os ruídos eletrônicos  experimentais e ficou em uma sonoridade mais básica baseada fortemente no sludge, mas com algumas passagens mais aceleradas e o baixo inconfundível de Eric Wood.
O Lack Of Interest é aquela banda que só lança coisa boa. E não poderia ser diferente com o excelente line-up que, além de Chris Dodge, Bob e Kevin, todos também integrantes do To The Point, ainda conta neste álbum com os ótimos vocais de Rick. 12 músicas de uma das melhores bandas de hardcore de todos os tempos, ainda em ótima forma! Download

Blood I Bleed - Lycanthrophy 10" LP
Split LP juntando duas das melhores bandas da atualidade quando o assunto é grind/fastcore. O Blood I Bleed da Holanda, mantém seu habitual nível e não poupa ninguém com 11 músicas brutais influenciadas por Hellnation, Heresy, Intense Degree e S.O.B. 
O Lycanthrophy, da República Tcheca, não fica para trás e manda 7 músicas violentas e mais quebradas, com vocal masculino e feminino, para quem gosta de Saywhy?, Gride e Magrudergrind. Download

Cheap Art - Desocialized EP
O Cheap Art entra para a lista com seu EP Desocialized, mostrando que a adição de vocais femininos fizeram muito bem à banda. Já postei a banda aqui
E pelo visto, já tem mais material vindo por aí!

Christer Pettersson - Empatihaveri EP
Segundo EP dos suecos do Christer Pettersson fazendo um thrashcore com alguma pegada powerviolence, com dois vocais, fugindo um pouco das características do fastcore sueco, mas ainda assim excelente. Download
Crack Under Pressure - Self Titled Tape
Fastcore alemão bruto e direto, soando e tendo integrantes em comum com Nuclear Cult, Stalker, Pink Flamingos e SM-70. 
Dropdead - Ruidosa Inmundicia Split EP
Mesmo que já não soe tão rápido quanto nos seus primeiros álbuns, Dropdead é Dropdead e merece um lugar na lista. Não há muito o que falar sobre esta grande banda. Os sons aqui estão menos crust do que na fase clássica da banda e lembram mais algo como Los Crudos. Do outro lado está o Ruidosa Inmundicia, banda austríaca com a vocalista chilena e letras em espanhol. Hardcore simples mas potente e bem tocado. Ótimo split! Download

Escalofrio
Escalofrio é uma banda de Chicago formada por integrantes do Sin Orden com uma proposta sonora mais agressiva e, diga-se de passagem, muito bem sucedida. Predominância de agressivos vocais femininos para quem gosta de Cheap Art, Mindless e companhia. Excelente! Download


Gas Rag - Human Rights EP
Hardcore punk cru, primitivo e descontrolado na onda das bandas dos anos 80 como Poison Idea e The Fix e formado por integrantes do Cülo e Acid Reflux. Lançaram seu primeiro EP mantendo o nível de sua ótima demo. Download
Gets Worse - Negative e Year of The Bastard EPs
O Gets Worse é uma das boas bandas atuais do powerviolence britânico. No EP Negative, como sugere o título, mostram todo o seu mau humor e pessimismo criticando a cena e as bandas que tentam impor sua positividade no powerviolence. Seguindo a mesma linha, a banda também lançou em 2013 o EP Year of The Bastard, igualmente recomendado. Downloads: Negative EP

Infest - Days Turn Back EP
2013 foi um bom ano pela volta de uma das melhores bandas que já pisaram na Terra: Infest. Agora com um luxuoso line-up, contando com os originais Joe Denunzio e Matt Domino, além de Chris Dodge (Spazz, Despise You, Lack Of Interest, Low Threat Profile) e Rob (Lack Of Interest, Deep Six Records, Low Threat Profile). Além de voltarem a tocar ao vivo, lançaram o EP Days Turn Back, que tratam-se de gravações feitas em 1995 durante as sessões do No Man's Slave, na época com Matt, Joe e R.D. Davies na formação. Os vocais foram gravados em 1996.
Infelizmente são apenas 4 faixas, incluindo um cover do Negative Approach, mas é um bom álbum e espero conseguir colocar as mãos em uma cópia. Lançado pelo selo de Matt Domino, Draw Blank. Download

Pick Your Side - To The Point Split 10" LP
O Pick Your Side é do Canadá e conta com gente do Haymaker, Left For Dead e The Endless Blockade. Seu som é um hardcore veloz, sem chegar ao fastcore, muito bem tocado e com excelentes vocais. Já o To The Point é uma das mais novas preciosidades do powerviolence californiano, contando com os onipresentes Chris Dodge, desta vez nos cavernosos vocais e Bob, na bateria. O som é na linha do Lack Of Interest, inclusive tendo integrantes em comum. É o caso de Bob, Kevin Fetus e o próprio Chris Dodge. Além dos três, também temos Dustin Johnston do Marion Barry na formação. A sonoridade, além de bases rápidas com constantes mudanças, ainda tem algumas passagens mais melodiosas na guitarra em algumas músicas mas com ótimo resultado.
O To The Point já havia lançado os EPs Success In Failure e Mentally Checked Out, e um split com o Yacopsae, todos estes de 2012. Em 2013 também lançou o split EP com o ACxDC, que também vale como recomendação para 2013. Download

Pusrad - Modern Anatomi EP
O dueto sueco Sveden e Packe continua a produzir bem e chega ao seu quarto EP, após Smartrams, Akta Dig e o 12" EP Dömd, todos de 2012. A banda continua a fórmula do seu hardcore old school rápido e frenético e de músicas curtíssimas nos moldes dos primeiros registros da antiga banda da dupla: Raped Teenagers. Desta vez com uma música mais lenta e interminável para os padrões deles, com 1 minuto de duração. Em breve deve estar saindo um novo 12" deles. Assim espero. Download

Slave - Self Titled LP
Em seu primeiro LP, o duo executa um impiedoso powerviolence na linha dos clássicos Crossed Out, Infest e Despise You, lembrando também bandas como Suffer, Hatred Surge, Vile Intent. Mais um boa pedida para quem gosta do gênero. Download

Stoic Violence - Self Titled LP
Primeiro álbum desta banda californiana que começa muito bem. O LP conta com 8 músicas de um hardcore sujo, poderoso, bem tocado e empolgante, com vocais agressivos e marcantes. Uma pena que o disco não chega aos 10 minutos. Muito bom! Download

Umbilical Cord - Self Titled EP
O Umbilical Cord é definitivamente uma banda que se destaca e foge da sonoridade convencional do hardcore. Com integrantes do Ecoli e Yadokay eles fazem um som experimental, inovador, frenético e totalmente insano, nos remetendo um pouco aos anos 80. Viciante e mais do que recomendado! Download


Vaccine - No Faith Split EP
O Vaccine terminou suas atividades em março, mas ainda tinham estas músicas que foram lançadas em dezembro no split com o No Faith. Eles encerram sua discografia com sua costumeira violência sonora sem nos dar tempo para respirar. Já o No Faith vem com uma única e longa música de um sludge violento e pesado lembrando o Suffer quando mais cadenciado. Muito boa banda. Download

Vile Intent - Skin In The Game EP
Novo registro dos canadenses que não tenta inventar nada de novo, apenas segue o velho esquema Crossed Out de se fazer powerviolence: som cru, rápido e violento, com passagens cadenciadas. Download


Wartorn - Nuke 'em all
O Wartorn foi uma banda inglesa com integrantes do Sore Throat, Hard To Swallow e hoje do Geriatric Unit também, que acabou não recebendo o reconhecimento merecido. Seu som era rápido e direto, beirando ao fastcore, seguindo a cartilha do hardcore inglês como Heresy e Ripcord. Este álbum compila gravações inéditas de 1990 e 1993. Ótima banda que merece ser descoberta. Download

Wild Child - Self Titled EP
Vocais cativantes e descontrolados com uma guitarra limpa e de bases criativas ao fundo. Ótima banda, grande EP e já não tenho mais adjetivos para usar. Download

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Top 10 Power Violence

Compensando a falta de posts em 2012, confiram abaixo um gigantesco para começar 2013:

Empreendi-me um desafio nada simples, porém muito compensador: elaborar a minha lista ordenada dos melhores álbuns do power violence das décadas de 80 e 90, que, como diria um velho nostálgico recordando os tempos de outrora, foi a era de ouro do power violence. A lista e sua ordenação não precisam ser entendidas como algo definitivo, até porque cada vez que a revisava, a ordem de algum álbum era alterada. Mas o fato é que todos são clássicos indispensáveis, tanto para o gênero quanto para o hardcore em geral, e é quase uma obrigação conhecê-los.
Para quem ainda não está habituado com o power violence e as ótimas sensações que ele pode proporcionar, a lista pode servir como um guia para a destruição da sua saúde auditiva.
Em breve, quem sabe, uma nova lista com as bandas mais recentes. Espero que apreciem!

#10) Lack Of Interest - Trapped Inside 12" LP [Slap A Ham, 1999]

O LACK OF INTEREST é como o filhote latino, veloz e agressivo do INFEST. A banda nasceu em 1990 e, após alguns splits (com SLAVE STATE, SPAZZ e STAPLED SHUT), teve seu primeiro full length apenas em 1999, o LP TRAPPED INSIDE lançado pela Slap a Ham, que continuava nos alegrando com o que havia de melhor no gênero. Neste álbum a banda contava com Rick nos vocais, Mike no baixo, Isack na guitarra e Bob na bateria. O que mais chama a atenção são os vocais monstruosos de Rick que mais parecem um ameaçador cão raivoso, mas além disto, havia uma banda que tocava músicas simples, mas bem feitas e muito rápidas, sabendo sutil e marotamente cadenciá-las e voltar em seguida para a sua habitual e costumeira violência esplêndida. Outro destaque é Bob, um dos melhores bateristas do estilo que, se houvesse uma convocação californiana do power violence, seria titular da equipe. Na verdade ele faz mesmo parte desta equipe dos sonhos (entenda como LOW THREAT PROFILE). Alguns preferem o álbum seguinte do LACK OF INTEREST, o NEVER BACK DOWN com Mike e seus vocais mais líricos e menos ferozes, com uma sonoridade mais quebrada, soando mais thrashcore. No momento eu prefiro este, que é mais rápido e simples, e também pelos vocais peculiares de Rick. 
São 24 tirambaços em pouco mais de 14 minutos, que poderiam até mesmo caber em um EP. Letras sobre autoridade (Behind Bars); suicídio (Suicidal); ódio (You Hate You, My Life, What's Up); nações ricas que exploram as pobres (What's Wrong); mentiras (Force Fed); lavagem cerebral (Brainwashed); inconformismo (No Solution). Destaque para as músicas My Life, What's Wrong, Force Fed, enfim, difícil definir os melhores momentos do álbum, que é bom do início ao fim. 
A banda tinha uma constante troca de vocalistas, principalmente entre Rick e Mike. Trevor Fairbanks (SCALPLOCK, PETER MANGALORE) também chegou a ter uma passagem nos vocais. O LACK OF INTEREST, hoje com dois vocalistas (Rick e Mike) e o onipresente Chris Dodge no baixo, segue produzindo hardcore de alto nível.

Duração: 14:37
Tracklist: Behind Bars // Suicidal // What’s Wrong // You Hate You // Homeless // Alone Once Again // Lost It // Looking Blindly // Force Fed // No Solution // My Life // Wasted Effort // One Trust // Brainwashed // Impeached // Tough Guy // Empty Pockets // Social Inequality // Stop Hate Unite // What’s Up // Escape Reality // I Know // Nothing // Disciplined



#9) Spazz - La Revancha 12" LP [Sound Pollution, 1997]

O SPAZZ foi a banda que revolucionou o power violence. Enquanto as primeiras bandas tinham letras raivosas e sérias, o SPAZZ, da chamada segunda onda do power violence, mesclou a sonoridade agressiva do CROSSED OUT e MAN IS THE BASTARD com letras irônicas e divertidas, além de incluir, na medida certa, elementos do Hip Hop, skate, filmes B e de kung fu, e vez ou outra, colocando um banjo aqui ou ali e, tudo isto, formando uma sonoridade bastante interessante, sem perder a brutalidade e sem deixar de fazer críticas. A banda foi muito ativa, lançando diversos materiais, mas sempre mantendo o bom nível, apesar de splits com bandas de caráter duvidoso (25 Ta Life). 
Falando especificamente do LA REVANCHA, temos aqui o SPAZZ na sua essência: vinhetas de filmes, senso de humor de sobra, muitas quebras, samplers de hip hop e um som violento e ao mesmo tempo divertido e contagiante. As letras falam de luta livre (como a própria capa do álbum já denuncia); kung fu; críticas aos "libertários" preocupados com suas coleções de discos (4 Times a Day); a moda do power violence e as novas bandas (Let's Kill Fuckin' Everybody); a tendência de relacionar rock com drogas (Musica de la Roca); aos hippies (Raging Hate, Fear, and Flower Power Violence), entre outras. O disco foi gravado em 1995 e só foi lançado em 1997 pela Sound Pollution, e já naquela época criticavam os emos, como na letra da música Backpack Bonfire, mesmo sem saber as proporções que esta epidemia tomaria futuramente. São 26 músicas no total, abrindo com um dos maiores clássicos (WWF Rematch At The Cow Place) e fechando com um cover do Cryptic Slaughter (M.A.D.) e ainda conta com uma participação especial do rapper Kool Keith, além de tocadores de banjo, harmonica e beatbox do próprio Dan, que também assinava como DJ Eons, ou Kung Fu Dan. Entre seus três full lenghts, vejo este como o melhor, seguido do DWARF JESTER RISING, o primeiro da banda, que considero melhores e mais agressivos que o tão mencionado CRUSH KILL DESTROY. Também destacaria, dentre a sua discografia, os splits com o C.F.D.L., FLOOR e CHARLES BRONSON. 
Por mim até colocaria este disco em uma posição mais à frente, mas os outros talvez tenham mais importância. Hoje o Max Ward segue com o seu selo 625 Thrashcore, Chris Dodge toca no DESPISE YOU, no já citado LACK OF INTEREST, entre outros e Dan toca no FUNERAL SHOCK e deve estar envolvido nos seus projetos de DJ ou rapper. Inclusive, uma curiosidade sobre este lado hip hop do Dan, é que mesmo quando tocava no SPAZZ ele ouvia muito mais este estilo do que propriamente hardcore, mesmo assim sem prejudicar a sonoridade spazziana. Tanto era a influência do hip hop para o SPAZZ (Max também gostava), que o nome do álbum CRUSH KILL DESTROY foi uma homenagem ao ULTRAMAGNETC MC's, que tinha uma música de mesmo nome.
Mais sobre a participação do Kool Keith pode ser lido pelas palavras de Dan, no seu blog
Este LP foi relançado em 2011 pela 625 Thrashcore com uma nova arte para a capa.

Duração: 23:34
Tracklist: WWF Rematch At The Cow Palace // 4 Times A Day // Desperate Throat Lock // Bobby’s Jackpot Jamboree // Dewey Decimal Stichcore // Swampfoot // C.I.A. // Camp Chestnut // No Shadow Kick // The One With The Goat’s Got An Orgy Up The Sleeve // Bitter // Let’s Kill Fuckin’ Everybody // Sweet Home Alabama // Rasins Hate, Fear And Flower Power Violence // Climate Best // Urinal Cake // Drunkard Genaii // Sesos // Daljeet’s Detonation // Tumbuckle Treachery // Backpack Bonfire // Don’t Quit Your Day Job // Musica De La Roca // Coil Of The Serpent Unwinds // Golden Ess Stance // M.A.D.



#8) Crossed Out & Dropdead Split 5" EP [Crust Records, Posthumous Records e Selfless Records, 1993]

Mesmo que eu não considere o DROPDEAD como uma banda de power violence, sou um grande admirador deste conjunto. Tanto, que neste split, o lado do DROPDEAD, com músicas de extrema velocidade, violência, e até uma boa dose “powerviolenciana” e crust, é tão bom quanto o do CROSSED OUT. As seis músicas trazem letras relacionadas à opressão, guerras, direitos animais e atrocidades nazistas. A banda contava no momento com o line-up: Ben (guitarra), Bob (vocais), Brian (bateria) e Lee (baixo). Já o CROSSED OUT, que inclusive foi influenciado pelo DROPDEAD, soa como no split com o MAN IS THE BASTARD: brutal. Ambos splits foram gravados no estúdio Headquarters, este em 15 de fevereiro de 1992. 
Neste EP é onde está presente a famosa imagem relacionada à banda, onde aparece um homem apontando uma arma para a cabeça de outro. 
A imagem, na verdade, foi retirada do clássico filme italiano Beyond de Lucio Fulci, onde a vítima é um morto-vivo. Deixando os detalhes cinematográficos de lado, as letras falam de críticas à permanente busca por dinheiro, status e sucesso (Selfserve), à humanidade (Suffocate) e uma possível crítica aos nazistas ou aqueles que se acham puros (Supremacy). O EP foi lançado em uma colaboração de diversos selos: Crust Records, Posthumous Records e Selfless Records. Este split representa a união de duas importantes, indispensáveis e influentes bandas para o hardcore, o único lado negativo é que o pequeno disco de 5” não chega nem aos 5 minutos de duração.

Duração: 04:52
Tracklist: Crossed Out: Supremacy // Selfserve // Neglect // Suffocate // Dropdead: New World Slaughter // Sheep // Belly Full Of Lies // Requiem // Bosnia // Nazi Atrocities
#7) No Comment - Common Senseless 7" EP [Snare Dance, 1989]

O NO COMMENT surgiu em 1987 e sempre contou com Andy (vocal), Vince (guitarra), Brent (baixo) e Raul (bateria) que queriam aproveitar o tempo livre para tocar e mostrar que o hardcore ainda estava vivo. Ainda neste ano (1987), lançaram a primeira demo tape pela Moby Disc Records, que mais tarde foi relançada em 7” pela Noise Patch, em 1994. O EP COMMON SENSELESS, lançado pela Snare Dance em 1989, mesmo não sendo tão bom quanto o sucessor DOWNSIDED, assemelha-se a este e não deixa de ser um excelente EP. Este álbum continha duas músicas já gravadas na demo (Community Slugs, World Of Difference), mas desta vez com uma boa gravação e a banda soando ainda mais rápida.
Além das críticas à sociedade e às indústrias, eles seguem denunciando a exploração dos animais em "In The Name Of Stupidity" onde falam sobre vivisseção e em "Farmer Hitler John", que compara os matadouros aos campos de concentração. Considero a ótima e bem executada “A Mother’s Crime”, um dos mais altos pontos do EP. 
Mais tarde, em 1999, foi lançada pela Deep Six uma coletânea com a discografia da banda, porém, deixando de incluir a música “Special Circumstances”, contida neste EP. Até então, de acordo com o encarte do álbum, Vince tocava guitarra e Brent baixo, e no DOWNSIDED trocaram os instrumentos. Brent também era o responsável pela composição da maioria das músicas. Em comparação com o DOWNSIDED, tem músicas um pouco mais demoradas, fazendo com que não tenha tal intensidade sonora, e qualidade inferior de gravação, mas ainda assim pode ser considerado um dos melhores EPs do power violence, e é datado de uma época em que tal termo estava apenas surgindo e somente mais tarde o NO COMMENT foi real e merecidamente reconhecido como parte do power violence.

Duração: 10:42
Tracklist: For Tomorro’s Sake // Saying Uncle // A Mother’s Crime // Community Slugs // In The Name Of Stupidity // Farmer Hitler John // World Of Difference // Special Circumstances // Open Face Down

Discogs


#6) Crossed Out & Man Is The Bastard Split 7" EP [Slap A Ham, 1992]

Talvez uma das maiores responsáveis pelo que o CROSSED OUT representou, foram as gravações cruas e sem grande qualidade, principalmente nos splits com o MAN IS THE BASTARD e o DROPDEAD, que, por sinal, podem ser consideradas as músicas mais brutas e agressivas da banda. Neste split, o MAN IS THE BASTARD abre com uma faixa de seus ruídos, como de costume, que não me agrada muito. Em seguida vêm quatro curtas e boas músicas, com destaque para "Instantly Bent" e "Screwdriver In The Urethra Of Thomas Lens" e fecha com a lenta e longa "Walkers On The Street" que acaba esquecida quando se vira o EP e começam as seis curtas e violentas músicas do CROSSED OUT, onde nenhuma passa dos 40 segundos, e já fazem valer o disco. 
Se existe uma definição em termos musicais para o power violence, a música Lowlife do CROSSED OUT pode ser considerado um bom exemplo, que em seus apenas 32 segundos, varia constantemente entre a sonoridade ultra rápida e violenta e a mais arrastada. Ainda há a uma música no lado do CROSSED OUT que gerou o nome de outra banda: Scapegoat, esta que faz um som totalmente inspirado no CROSSED OUT, o mesmo pode ser dito de Practiced Hatred, música que batizou outra banda. O MAN IS THE BASTARD ainda veio a lançar muitos outros álbuns, mas acabou partindo para uma sonoridade mais experimental e noise, com ruídos eletrônicos, que continuou após o fim da banda com o BASTARD NOISE. Há quem goste, mas particularmente prefiro a fase mais rápida e agressiva.

Duração: 10:36
Tracklist: Man Is The Bastard: S.O.I.G. // Work To Death // Instantly Bent // Screwdriver In The Urethra Of Thomas Lenz // Snake Apartament // Walkers On The Street // Crossed Out: Practiced Hatred // Pure Delusion // Society // Lowlife // Scapegoat // Vacuum
#5) Infest - No Man's Slave 12" LP [Deep Six, Draw Blank, 2002*]

Acredito que as músicas deste álbum foram as últimas gravações do INFEST, realizadas no verão de 1995, pouco antes do fim da banda no ano seguinte. Na verdade, em 1995, foi gravada apenas a parte instrumental das músicas, com Matt Domino na guitarra e baixo e R.D. Davies do VISUAL DISCRIMINATION na bateria. O vocal de Joe Denunzio só foi gravado em 2000, assim como os backing vocals, que incluíam Andy Beattie do NO COMMENT e MAN IS THE BASTARD, mesmo assim o resultado final do álbum póstumo ficou excelente. O NO MAN’S SLAVE foi finalmente lançado em 2002 pela Deep Six e Draw Blank Records (o selo de Matt Domino), fechando com chave de ouro sua discografia com este álbum bruto e impecável, que não perde em nada para os anteriores e pode ser considerado como um clássico do gênero. 
São 19 faixas, ainda mais rápidas e agressivas, com a guitarra mais suja, encerrando de forma instrumental com a longa "My World...My Way", ultrapassando mais de 5 minutos e trazendo um certo clima de tristeza, com esta que é a última música do último disco da banda. Mesmo com esta longa faixa final, o disco tem apenas 16 minutos em mais um dos grandes álbuns do hardcore, que merece, a meu ver, estar entre os cinco melhores dentre o power violence. Algumas destas músicas já eram conhecidas, pois haviam aparecido no LP LIVE KXLU, originado de uma gravação ao vivo nesta rádio. Agora, parece que a banda deve retornar para alguns shows. Espero que isto realmente se confirme e, quem sabe, possam lançar ainda algo novo futuramente. 

Duração: 16:03
Tracklist: Cold Inside // Feeling Mean // Sick Machine // Upright Mass // In His Name // Behind This Tongue // What’s Your Claim // True Violence // Sickman // Punchline // Contact // Effort Fails Down // You’re A Star // Freeze Dried // Rabid Pigs // Lying To Myself // Nazi Killer // My World… MY Way


#4) Neanderthal - Fighting Music 7" EP [Slap A Ham, 1990]

Este é o primeiro EP da banda que não somente definiu o power violence como termo, mas como som. Matt Domino do INFEST e Eric Wood do PISSED HAPPY CHILDREN uniram suas forças, levando com eles as características de suas bandas, ou seja, a velocidade e agressividade do INFEST com as partes cadenciadas do PISSED HAPPY CHILDREN e aquele baixo característico de Eric Wood. Estas duas bandas já haviam gravado um split ao vivo, que foi o primeiro título da Slap A Ham, e que pode ter significado a parceria entre estes dois importantes nomes. O termo “power violence” foi criado por Matt Domino em um dos ensaios do NEANDERTHAL, no final de 1989, com a ideia de criar um novo rótulo para diferenciá-los das outras bandas, algo como para significar “nós somos os mais rápidos e brutais!”. O termo ficou mais conhecido por ser citado na música Hispanic Small Man Power (H.S.M.P.) do MAN IS THE BASTARD, e assim, "power violence" acabou sendo utilizado para designar algumas bandas de hardcore extremo daquela região da California, que costumavam tocar juntas no famoso 924 Gilman Street, e tinham, até certo ponto, um som peculiar. O EP FIGHTING MUSIC foi o quarto lançamento da até então novata Slap A Ham. O primeiro lado foi gravado em 89 e o segundo no ano seguinte, e a bateria do disco ficou a cargo de Joel Connen, que mais tarde formaria também com Eric Wood, o MAN IS THE BASTARD, levando com eles boa parte da sonoridade do NEANDERTHAL. E ainda tinha a participação de Joe Denunzio (Infest) no vocal de Brain Tourniquet, um dos melhores momentos do álbum. 
O EP tem início com Crawl, que fala como algumas pessoas atualmente se submetem a todas vontades dos chefes e fazem de tudo para puxar o saco deles, também letras sobre sofrimento (Brain Tourniquet) e também sobre assassinos cruéis, como em Mind Eraser que fala sobre a mente deste psicopatas e Kill, Eat And Breed, que trata de uma família de canibais que aterrorizou a Escócia. O NEANDERTHAL, mesmo que não seja tão lembrado como o CROSSED OUT, INFEST e MAN IS THE BASTARD, é um dos principais nomes do power violence e este é um EP histórico e indispensável. A banda ainda teve em 1991 um split com o BLATANT YOBS com duas músicas deste EP e um split como RORSCHACH, além do EP KILL, EAT AND BREED com 3 músicas contidas no FIGHTING MUSIC e outra inédita, somando apenas 8 músicas no total de sua curta existência.

Duração: 08:14
Tracklist: Crawl // Neuter // Brain Tourniquet // Mind Eraser // Kill, Eat And Breed


#3) Crossed Out - Self Titled 7" EP [Slap A Ham, 1991]

Eu diria que o que o CROSSED OUT fez foi pegar as bases com rápidas mudanças de acordes, como o INFEST fazia e acelerá-las, mas como diferencial, eles usavam mais das bases cadenciadas, sendo capazes de numa mesma música, ir de uma passagem extremamente acelerada para uma mais arrastada em instantes, neste ponto lembrando um pouco algumas músicas do NEANDERTHAL, e justamente ao lado desta banda, foi uma das principais bandas a definir a sonoridade do power violence. A banda nasceu em 1990 em Encinitas, na Califórnia, e durou apenas até 1993, mas foi o suficiente para, com sua curta discografia, influenciar uma infinidade de bandas posteriormente. A formação da banda sempre contou com Tad Miller (bateria), Scot Golia (guitarra), Rich Hart (baixo) e Dallas Van Kempen (vocal). 
Ainda em 1991, depois da demo, o CROSSED OUT gravou as 7 músicas deste EP, que foi lançado pela Slap A Ham, mais agressivas e rápidas que a demo. A qualidade da gravação é um pouco melhor que nos split com o DROPDEAD e o MAN IS THE BASTARD e é, sem dúvidas, um dos grandes clássicos do power violence. As músicas não soam tão brutas como nos splits futuros, mas representou um importante registro para o power violence, e continua influenciar novas bandas. Posso dizer que é a banda cujo som melhor representou o power violence, e junto com o INFEST, continua a ser uma das principais influências atualmente no gênero. Letras sempre curtas carregadas de ódio, frieza, desilusão e altas doses de misantropia.
A imagem da capa trata-se de um grupo radical islâmico, que havia tomado o poder, executando alguns curdos que apoiavam o grupo que foi derrubado. Em outra imagem, dentro do encarte, aparece a foto de um assassino em série, pois Dallas tinha bastante interesse a respeito deste tema. 
De acordo com as informações disponíveis na internet, a banda não fazia muitos shows, somando apenas 16 no total. Um desses shows foi realizado na primeira edição do festival "Fiesta Grande" em 2 de janeiro de 1993, tocando com NO COMMENT, ASSÜCK, MAN IS THE BASTARD, CAPITALIST CASUALTIES e PLUTOCRACY. Em outro show, em 21 de agosto de 1993 no Che Cafe, Eric Wood (PISSED HAPPY CHILDREN, NEANDERTHAL e MAN IS THE BASTARD) foi quem tocou o baixo, ele substitui Rich Hart até o fim da banda, no final de 1993. Uma coletânea reunindo toda discografia do CROSSED OUT, incluindo coletâneas foi lançado em 2000 pela Slap a Ham e tinha como imagem de capa uma foto do assassino Albert Fish em seu julgamento. Por onde será que andam os integrantes desta banda?

Duração: 07:55
Tracklist: Internat // He-Man // Locked In // Fraud // Crown Of Thorns // Force Of Habbit // Crutch

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#2) Infest - Slave 12" LP [Off The Disk Records, 1988]

Temos aqui o pai de todos. A banda que, sem a qual, o power violence nunca teria nascido. O LP SLAVE, lançado pelo selo suíço Off The Disk Records é o grande clássico da banda, recheado de músicas épicas como “Mindless”, “Where's The Unity?”, “Sick-O”, “Plastic”. Hardcore cru e rápido, ainda sem muitas das partes lentas amplamente adotadas anos depois, mas com constantes mudanças de tempo e fúria de sobra, nos vocais bem típicos para o estilo, de Joe Denunzio. Clássico fundamental que influenciaria qualquer banda que veio a se dizer power violence. 18 músicas em 20 minutos, terminando com a lenta e instrumental Fetch The Pliers. 10 delas foram previamente lançadas no EP 7” “Infest”, ou também conhecido como “Machismo”, usando a mesma gravação. Como de costume, o INFEST trata de temas sociopolíticos, machismo, guerras, escravidão, o uso de drogas, entre outras desgraças que só nós humanos podemos proporcionar para o mundo e até mesmo críticas a cena e sua falta de união na mais que clássica “Where’s The Unity?”. Este LP teve uma prensagem limitada e hoje é item de colecionadores, por isso apareceram várias versões piratas do mesmo. Naquele momento a banda era formada por Joe Denunzio nos vocais, Matt Domino na guitarra, Dave Ring no baixo e Chris Clift na bateria. Destaques para os enfurecidos vocais de Denunzio e para a guitarra rápida e suja, embora sem tanta distorção, de Matt, que facilmente é identificada, inclusive em sua passagem pelo LOW THREAT PROFILE. A banda, que existiu de 1986 a 1996, durou relativamente bastante se comparada às outras e teve em sua discografia, além deste LP, 2 7” EPs, o ótimo LP NO MAN’S SLAVE, anteriormente citado, o split 7” com o PISSED HAPPY CHILDREN e uma infinidade de coletâneas e versões não oficiais. Banda formadora de caráter e que influenciou todas as outras dentro do power violence e muitas de hardcore rápido.

Duração: 19:58
Tracklist: Break The Chain // Pickled // Sick-O // Plastic // Mindless // Which Side // V.Y.O. // Where’s The Unity // Screwed // Machismo // The Game // Sick Of Talk // Iran Scam // Life’s Halt // Slave // Head First // Sick And Tired // Fetch The Pliers
#1) No Comment - Downsided 7" EP [Slap A Ham, 1992]

Ao iniciar a elaboração da lista, me deparei com o problema de ordená-la, tanto que diversas vezes a alterei, porém, algo era certo e irrefutável: DOWNSIDED é o número 1! Também não acharia exagero dizer que é o melhor álbum de hardcore de todos os tempos. Quanto aos outros discos da lista, talvez eu até os mude de posição novamente, mas provavelmente não este. O EP foi lançado em 1992 pela Slap A Ham, o selo de Chris Dodge, que se faz presente mais uma vez nesta lista, depois do já excelente COMMON SENSELESS de 89, e foi um marco para a música extrema (talvez não tanto como o CROSSED OUT e INFEST, mas deveria). É incrível que até então ninguém havia dado muita importância para o NO COMMENT. 
Se o primeiro álbum foi uma evolução do primeiro EP do DRI, o DOWNSIDED foi a evolução da evolução de algo que já era sensacional. A formação se mantém a de sempre, porém com Brent na guitarra e Vince no baixo, seguindo com Andy nos vocais e Raul na bateria. Se você espera mensagens positivas ou para salvar o mundo, esqueça, aqui é a vida real, onde só há lugar para a desesperança, raiva, e desilusão com o ser humano e a sociedade, somado a uma forte dose de depressão e pessimismo. Nos registros anteriores até se viam letras sobre política e direitos animais, mas neste parece que Brent realmente estava passando por uma forte depressão. 
São 11 músicas em 7 minutos e, meus amigos, o NO COMMENT barbarizou neste álbum, que é tocado com extrema velocidade e uma precisão cirúrgica, sem se tornar repetitivo, com vocais desesperados e uma ótima gravação, resultando em uma das mais intensas e brutais experiências sonoras que podemos experimentar. Podemos encontrar letras falando sobre suicídio (Past Tense), depressão (Sarcastics, Push Down & Turn), raiva (Downsided, Soiled By Hate), ou como olhamos com desânimo o tempo que passou, depois que estamos velhos (Dead Stare For Life), indiferença (Distant) e que os problemas sempre irão persistir, não importando o que se faça (Hurt). Difícil definir os melhores momentos do álbum, já que o mesmo é perfeito do início ao fim, mas talvez o maior clássico seja a “Hacked To Chunks”, que recebeu versões de várias bandas, entre elas Hummingbird Of Death e xBrainiax. 
A arte feita por Brent mostra imagens relacionadas à depressão, remédios, pulsos cortados, crianças nascendo e cemitérios. Reforçando esta ideia suicida do EP, o 7” original tinha as inscrições: “HAPPINESS IS PAIN, HATE RULES” no lado A e “DO DILAUDID SLIT YOUR WRIST” no lado B. Dilaudid trata-se de um forte analgésico a base de ópio. Mas é incrível como toda esta ode ao suicídio e a depressão pode ter se tornado um antídoto para isto, já que a sonoridade do disco nos faz querer ouvi-lo mais e mais, e assim continuar vivendo. Quanto aos vocais de Andy, o considero como o melhor nesta função dentro do power violence, e felizmente mostrou mais do seu poderio durante a passagem pelo LOW THREAT PROFILE. A Deep Six relançou recentemente este EP e o COMMON SENSELESS a preços acessíveis. Uma boa chance para quem quer ter estes álbuns em vinil. Nota 10. Essencial. Sem mais.

Duração: 07:00
Tracklist: Dead Stare For Life // Past Tense // Sarcastics // Distant // Hurt // Hacked To Chunks // Lament // Soiled By Hate // Downsided // Push Down And Turn // Curtains

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ALGUMAS MENÇÕES HONROSAS

Despise You & Stapled Shut Split 7" EP [Pessimiser, 1997]

Excelente split do DESPISE YOU, banda que tocava muito bem, com peso esmagador e com ótimos vocalistas que não podia ficar de fora desta lista. A banda tinha na época Alex e José Morales nos vocais e guitarras, Frank na bateria e Letícia no baixo e vocal, que talvez fora a primeira mulher a cantar em uma banda de power violence. Na verdade, estes eram os nomes falsos que eles assinavam nos álbuns. 
Os riffs e o peso denotavam uma maior influência do metal no som do DESPISE YOU, que aliado à rápidos blast beats e momentos sludges tem um resultado excelente e devastador. Bandas como HATRED SURGE e IN DISGUST foram fortemente influenciadas pelo DESPISE YOU. Este é o registro que conta com a clássica “No More... Feelings”. Destaques também para “Passive Position”, “I End Me”, “Lost And Losing”, enfim, todas são excelentes músicas. Do outro lado vem o STAPLED SHUT, uma boa banda que até lembra o DESPISE YOU, devido a possuir um vocalista em comum. Eles devem ser mais lembrados pelos splits que lançaram, este e outro com o LACK OF INTEREST. O EP foi lançado pelo selo Pessimiser, vocalista do DESPISE YOU.

Duração: 10:15
Tracklist: Despise You: Passive Position // I End Me // Portrait // Lost And Losing // No More... Feelings // Euphoric Confusion // Been Lead // Stapled Shut: Resin Heaven // No Score

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Capitalist Casualties & Man Is The Bastard 12" LP [1994]

Este LP reuniu duas bandas históricas para o gênero e ambas com uma longa discografia, mas não tão regular, com alguns álbuns não tão bons, principalmente o MAN IS THE BASTARD em sua fase mais noise, embora seja inegável a sua importância e contribuição para o power violence. Mas neste split as duas bandas estão em boa fase, embora eu goste mais das 13 músicas rápidas e curtas do CAPITALIST CASUALTIES, que não poderiam deixar de serem mencionados nesta lista. O lado do MAN IS THE BASTARD dá uma esfriada, com músicas mais longas e cadenciadas, no estilo próprio da banda, mas são 5 boas músicas, numa das melhores fases deles.

Duração: 21:03
Tracklist: Capitalist Casualties: Meat Market // Jesus' Whore // Murder Media // Moron // Self-Abuse // Worker // Fuck The Christians // Pin Cushion // You Explode // Nome Dropper // Vomit // Stairs // Waste Life // Man Is The Bastard: Foot Binding // Eunuch Pt. 2 // Gourmet Pez // Blinds

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Fiquem à vontade pra sugerir as suas listas, ou criticar a minha.