Finalmente chegamos ao Man Is The Bastard, uma das mais importantes e influentes bandas do power violence. Como já vimos antes, através do Neanderthal, o power violence já havia sido criado como um termo, e o seu som estava sendo desenvolvido. A sonoridade do Man Is The Bastard foi uma evolução das bandas anteriores de seus integrantes a começar pelo Pissed Happy Children, que após gravar um split com o Infest, os integrantes destas bandas formaram o Neanderthal. Ao meu ver, pegou-se a velocidade e peso do Neanderthal, também herdado do Infest, com o som mais cadenciado e o baixo trabalhado do Pissed Happy Children. Outra banda anterior foi o Cyclops, formada por Eric Wood e Joel Connell que faziam longas músicas instrumentais e experimentais, cuja sonoridade é muito similar à utilizada nas músicas mais longas do Man Is The Bastard.
O Man Is The Bastard foi formado em 1990 em Claremont, Califórnia, época em que estava surgindo também o Crossed Out e Lack Of Interest. Inicialmente a banda era formada por Eric Wood (baixo e vocal), Joel Connell (bateria) e Shawn Connell (guitarra), que haviam tocado no Pissed Happy Children. Shawn Connell ficou por pouco tempo, logo depois entrou Aaron Kenyon como segundo baixista e vocalista e Henry Barnes assumindo as guitarras e ruídos. Mais tarde, também contaram com Andrew Beattie, do No Comment como um de seus vocalistas. Além de Israel Lawrence e W.T. Nelson também chegaram a integrar a banda nos ruídos e eletrônicos.
A banda, quanto ao som, é um caso à parte dentro da pequena comunidade power violence que existia na época. Suas músicas podiam ser agressivas e com poucos segundos, lentas levando vários minutos, instrumentais ou ainda mais experimentais, envolvendo ruídos eletrônicos e uma espécia de noise industrial. Sua formação transgride o padrão de uma banda de punk/hardcore, por vezes contando com dois baixistas, guitarras, que são símbolos do som agressivo, usadas principalmente para fazer ruídos, além dos elementos eletrônicos, com equipamentos feitos de forma caseira por Henry Barnes.
O Man Is The Bastard costumava usar algumas alcunhas, como Charred Remains, principalmente em seus primeiros registros e Bastard Noise, quando explorava mais o "power eletronics", banda esta que continuou após o fim do Man Is The Bastard em 1997 e até chegou a lançar alguns álbuns mais ao velho estilo, sem tanta parafernália eletrônica e com instrumentos, como A Culture Of Monsters, Skulldozer e o split com o Lack Of Interest, significando uma espécie de renascimento do Man Is The Bastard. Se a discografia do Man Is The Bastard já é grande, a do Bastard Noise é ainda maior, seguindo o padrão do Agathocles.
Mesmo com o pouco tempo de existência, a banda teve uma discografia bastante extensa, seus primeiros registros foram o split EP com o Pink Turds In Space, o LP Sum OF The Men "The Brutality Continues...", de 1991, o split EP com Aunt Mary, Crossed Out e os EP Abundance Of Guns e Backward Species, todos de 1992.
Na música Hispanic Small Man Power (H.S.M.P.) do split com o Aunt Mary, o termo "power violence" foi citado pela primeira vez em uma música, sendo usado para designar algumas bandas de hardcore extremo daquela região da Califórnia. A letra dizia:
"Crossed Out, No Comment, Manpig, Capitalist Casualties, Man Is The Bastard. West Coast Power Violence. Let's Fucking Go!"
Em 1993 veio o split LP com Bleeding Rectum, os splits EP com Pink Flamingos, Bizarre Uproar, U.N.D., e os EPs Uncivilized Live e Our Earth's Blood. De 1994 são os splits com Agathocles, Capitalist Casualties, Born Against. Em seguida veio o LP Thoughtless, os splits com Locust e Sinking Body, de 1995, e o já póstumo LP Mancruel, de 2000, com gravações antigas remixadas e outras não lançadas.
No fim da banda, em 1997, lançaram um LP/CD split com Mumia Abu-Jamal, o ativista dos Panteras Negras, até então no corredor da morte.
Boa parte dos EPs e splits da banda foram compilador nas coletâneas D.I.Y.C.D. (1995) e Sum Of The Men "The Brutality Continues....", este contendo o LP de mesmo nome, além de outros splits.
Quanto às letras, a banda sempre foi extremamente politizada, abordando temas sérios de maneira inteligente e profunda. O próprio nome da banda já demonstra o caráter de suas letras e a mensagem que elas passam. A violência que define este gênero, muitas vezes está mais contida nas letras do que na sonoridade das músicas, como é o caso do Man Is The Bastard. É o que torna esta banda tão importante e única, mesmo não seja tão reconhecida, até mesmo por quem vive no meio hardcore.
Como diz Eric Wood: "Basic is brutal", e o melhor exemplo disto é o logo simples e brutal da banda, com uma caveira em cada lado do nome da banda, remetendo aos logos simples e inconfundíveis como os do Black Flag, Infest e Crass.
Uncivilized Live 7'' EP (1993)
Man Is The Bastard - Agathocles Split 7" EP (1994)
D.I.Y.C.D. (1995)
Thoughtless (1995)
Sum Of The Men "The Brutality Continues...." (1996)
Mancruel (2000)
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