sexta-feira, 11 de julho de 2014

Spazz


O Spazz nasceu no final de 1992 em Redwood City, California. Inicialmente chamava-se Gash e era um projeto de Max Ward, que tocava na banda de grindcore Plutocracy e Dan Boleri, que havia tocado no Sheep Squeeze, banda de punk rock. Chris Dodge, que fez parte do Stikky, e dono da Slap a Ham, ficou sabendo, após a primeira edição da Fiesta Grande, quando Max tocou com o Plutocracy, que os dois estavam iniciando este projeto com o intuito de tocar músicas curtas como Infest e No Comment, o que era justamente o que ele queria tocar. Eles estavam precisando de um baixista, a oportunidade ideal para Chris, que acabou assumindo a vaga no início de 1993.  

Antes de Chris Dodge entrar para a banda, os dois já haviam feito dois ensaios e já tinham algumas músicas compostas. Mas era necessário substituir o nome da banda, pois já existiam outras com o mesmo nome. Então resolveram trocar para Spazzin', mas o problema se repetiu e também já existia uma banda chamada assim, fazendo com que deixassem somente Spazz.

A adaptação de Dodge foi tão rápida que com apenas um dia e um ensaio com esta formação, o Spazz foi para o estúdio e em quatro horas e meia, gravaram o que seria o seu primeiro EP, lançado pela Slap A Ham Records. Todas as músicas já haviam sido compostas por Max e Dan antes da entrada de Chris.
Este álbum lembra o Crossed Out, tanto na brutalidade do som, como das letras, mas ainda sem desenvolver seu som característico. Também foi incluído um cover do Go! (Our Scene).
Acredito que este EP seja o primeiro registro de uma banda de power violence com dois vocalistas principais.

À partir do ano seguinte, o Spazz passou a lançar material enlouquecidamente, principalmente splits, além do primeiro full length, o Dwarf Jester Rising, com algumas músicas de seus álbuns anteriores e várias novas, totalizando 24 faixas. 

No total foram 17 splits, incluindo diversas bandas respeitáveis no hardcore: Floor, Rupture, C.F.D.L., Romantic Gorilla, Brutal Truth, Charles Bronson, Toast, Monster X, Hirax, Jimmie Walker, Gob, Subversion, Lack Of Interest, Black Army Jacket, Slobber, Öpstand, e ainda chegaram a ter um inesperado split com o 25 ta Life. 

Tratando-se de full lengths, o Spazz ainda lançou o La Revancha, gravado em 1995 mas lançado em 1997, que é dos meus preferidos, mostrando a banda mais brutal e experimental, sempre com suas vinhetas e bom humor. Seu último LP foi o também ótimo Crush Kill Destroy. Todos estes três LPs foram lançados recentemente pela 625 Thrashcore, de Max Ward.

A banda também lançou os EPs Tastin Spoon 5", The Jeb 7", e o Funky Ass Lil' Platter, um EP de apenas 1", que tratava-se de uma pegadinha da banda, um disquinho de brinquedo sem conter qualquer gravação. Este obscuro EP deve ter deixado os colecionadores insanos, já que foram feitas apenas 14 cópias. Aliás, alguns de seus álbuns se tornaram itens muito procurados e vendidos a altos preços em sites como eBay.
Eles ainda participaram de inúmeras coletâneas, como Cry Now, Cry Later, Reality - Part 1 e 2, Better Read than Dead, El Guapo, Deadly Encounters, Possessed to Skate, Fiesta Comes Alive, Tomorrow Will Be Worse, Short Music for Short People, Audio Terrorism, A Product of Six Cents, The Good, the Bad, and the Ugly, Reproach - Neg. Approach Covers, Pigs Suck Hardcore 2x7".
O Spazz também chegou a participar da trilha sonora do filme cult Gummo, de 1997.




Seus Eps e músicas de coletâneas e gravações ao vivo, foram compilados nos CDs Sweatin' to The Oldies, Sweatin' 2 - Deported Live Dwarf, este incluindo o LP Dwarf Jester Rising e Sweatin' 3 - Skatin' Satan & Katon.
  

O Spazz inovou criando a sua própria forma de fazer power violence, adicionando à brutalidade e as frequentes quebras de ritmo de bandas como Crossed Out e Man Is The Bastard, elementos de outras culturas, como skate, batidas de Hip Hop e samples de filmes B e de Kung Fu, que Dan (também chamado de Kung Fu Dan) e Max eram aficcionados. A infuência do Kung Fu no Spazz é tanta que, até o famoso logo das quatro barras, é inspirado no logo da Golden Harvest, a produtora de inumeros filmes do gênero, incluindo alguns do Bruce Lee. 

Todo cinéfilo que gosta de filmes trash e exploitation, deveria ouvir Spazz, e ir descobrindo as referências à filmes em suas músicas e nas imagens dos álbuns. Para citar alguns filmes, encontram-se referências à: Black Belt Jones, Master Of Flying Guillotine, Game of Death, Dead & Buried além de filmes kung fu, blaxploitation e os mexicanos de lucha libre.

Um outro fator que os diferenciava das demais bandas de power violence eram as letras repletas de senso de humor, muitas delas apolíticas, acredito que de certa forma herdando um pouco do Stikky. A ideia era se divertir sem deixar de tocar um som brutal. 
Eles também utilizaram em algumas músicas instrumentos incomuns para o hardcore, como banjo, sax e harmonicas. Os vocais eram executados principalmente por Dan e Chris, cantando em linha, um após o outro. 

Eles fizeram parte da chamada segunda onda do power violence, juntamente com Lack Of Interest e pouco depois, Apartment 213 e Despise You, que surgiram logo após Crossed Out, Neanderthal e Man Is The Bastard.  

Para não acabar apenas lançando mais milhares de álbuns com o mesmo tipo de som e aproveitar que ainda estavam em alta, a banda terminou em 2000, fazendo seu último show  no lendário 924 Gilman em Berkeley.

Até hoje o Spazz influencia diversas bandas espalhadas pelo mundo. Entre seus seguidores, podemos destacar Elasticdeath do Brasil, Have Fun, Knuckle Scraper, Max Ward (sim, esse pessoal adorava o Max), The Scrotums e Hoy Pinoy dos Estados Unidos, Henry Fonda da Alemanha, Csihàs Benö da Sérvia e Ultimate Blowup da Turquia, entre muitas outras, mostrando que o Spazz foi uma das mais influentes e queridas bandas dentro deste pequeno e adorável segmento do hardcore.

Após o Spazz, Chris Dodge participou do East West Blast Test, Burn You Bridges, Despise You, Lack Of Interest e atualmente toca no To The Point e na nova formação do Infest. Dan Bolleri passou pelo Funeral Shock, Gran Invincible, Shed Dwellaz e chegou até a ser DJ. Max Ward tocou no Capitalist Casualties, What Happens Next?, Evolved To Obliteration e Scholastic Deth, sendo vocalista nestas últimas duas. Mais tarde tocou no Mindless Mutant, banda de powerviolence que durou pouco tempo e hoje se dedica à vida acadêmica.

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Por hoje é isso aí, espero que gostem desta e das demais postagens deste mês dedicado ao power violence.

Dwarf Jester Rising (1994)

Spazz - Romantic Gorilla Split (1996)


La Revancha (1997)

Sweatin' To The Oldies (1997)

Crush Kill Destroy (1999)

The Jeb EP (1999)

Sweatin' II: Deported Live Dwarf (2001)

Sweatin' 3: Skatin' Satan & Katon (2001)


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