terça-feira, 1 de julho de 2014

No Comment


Como já anunciado anteriormente, o mês de julho será dedicado ao power violence, com postagens diárias, se possível. Espero que gostem e fiquem à vontade para comentar.
E para começar em grande estilo, a primeira postagem será do No Comment.

O No Comment foi formado, por volta de novembro de 1987, por quatro jovens em North Hollywood, Califórnia. A formação sempre contou com Vince (guitarra/baixo), Brent (baixo/guitarra), o mexicano Raul [Ralo Calzada] (bateria) e Andy Beattie (vocal). 
Tudo o que eles queriam era apenas aproveitar o tempo livre para tocar e mostrar que o hardcore ainda estava vivo, mas sem ter ligação com qualquer "cena". Provavelmente também não tinham ideia da importância que sua banda iria significar para o hardcore extremo.

Pouco tempo após o início, ainda em 1987, eles gravam a primeira demo tape, lançada pela Moby Dick Records. Nela o que se via era uma banda que lembrava a velocidade do primeiro álbum do D.R.I. mas soando ainda mais rápida e agressiva.
O No Comment já se mostrava contra o maltrato e uso de animais em laboratórios através das músicas "Jugular Scars" e "Guinea Piglet Alone", e também critica a sociedade em "Comunity Slugs" e "Scum Human" .
As gravações posteriores seriam aperfeiçoamentos no som já demonstrado nesta demo, mas sem grandes mudanças. 
Esta demo foi relançada em formato 7" EP em 1994, pela Noise Patch, com outra arte.

Em 1989 foi a vez do excelente 7" Common Senseless lançado pela Snare Dance Records. Este álbum continha duas músicas já gravadas na demo ("Community Slugs" e "World Of Difference"), mas desta vez com uma boa gravação e a banda soando ainda mais rápida.
Além das críticas à sociedade e às indústrias, eles seguem denunciando a exploração dos animais em "In The Name Of Stupidity" onde falam sobre vivissecção e em "Farmer Hitler John", que compara os matadoros aos campos de concentração. Até então Vince tocava guitarra e Brent baixo.

Chris Dodge, que no início dos anos 90 já estava lançando várias bandas de power violence pelo seu selo Slap A Ham, e já havia se interessado pelos registros anteriores do No Comment, resolveu lançar o próximo EP da banda e que viria a ser a obra-prima deles, o fantástico Downsided, em 1992. Difícil não definir este 7" como sendo simplesmente perfeito. Podia se imaginar que depois do Common Senseless, não seria fácil fazer músicas melhores, mas isso aconteceu no Downsided. Violento, agressivo, preciso, com constantes mudanças de velocidade, rápidas variações de acordes, uma bateria frenética e um dos melhores e mais raivosos vocais que o hardcore presenciou em sua história, são apenas algumas das características deste registro que foi um marco para o power violence e para o hardcore em geral. São 11 faixas memoráveis, agora com Brent na guitarra e Vince no baixo, com letras profundamente depressivas e sem esperança gritadas pelos vocais desesperados de Andrew, e terminando com a épica e lenta Curtains.

Pouco antes da banda terminar, mais precisamente em 2 de janeiro de 1993, eles participaram da primeira edição do Fiesta Grande (apesar de não constar no flyer do evento), o festival anual organizado pela Slap A Ham que ocorreu de 1993 até 2000 no 914 Gilman reunindo bandas de hardcore, power violence e grindcore. Naquela ocasião, também tocaram Assück, Man Is The Bastard, Crossed Out, Capitalist Casualties e Plutocracy. Daquele show, quando tocaram todo o Downsided, foram retiradas quatro músicas (Dead Stare For Life, Distant, Lament, Soiled By Hate) e fizeram parte da coletânea Fiesta Comes Alive! - The Best Of Slap A Ham Records Fiesta Grande #'1-5.

Juntamente com o Crossed Out, Capitalist Casualties, Neanderthal e Man Is The Bastard, o No Comment fazia parte do chamado "West Coast Powerviolence", mas um pouco diferente destas bandas, eles, assim como o Capitalist Casualties, não faziam muito uso das passagens sludge em suas músicas, o que mostra que o power violence não é definido apenas pelo som, mas também por ser uma pequena comunidade de bandas amigas de um determinado local (Califórnia) e período (fim dos anos 80 e início dos 90).

Em 1999 a Deep Six Records compilou todo material da banda e lançou o LP 87-93. Neste disco, além do primeiro 7", o Common Senseless e o Downsided, saíram gravações de shows no Country Club (04/1989) e no Spankys (06/1990) e também uma faixa inédita chamada "Life". Uma discografia mais completa saiu em CD, com todos as músicas do LP e mais a gravação na rádio KXLU 88.9 FM. O problema destas discografias, é que ambas não contem a faixa "Special Circumstances", do Common Senseless.

O No Comment ainda teve uma participação na coletânea Bllleeeeaaauuurrrrgghhh! - The Record 7'', lançado em 1991 pela Slap A Ham.

O compositor de grande parte das músicas era Brent, que curiosamente tinha como estilo preferido a música clássica. Tanto ele como Vince aparentemente desapareceram do hardcore depois do No Comment. Já Andy entrou para o Man Is The Bastard, depois para o Controlling Hand, e mais recentemente fez parte do Low Threat Profile e Dead Language. Raul já havia mostrado seu potencial na bateria do F.C.D.N. Tormentor, banda que fazia um rápido Thrash Metal. 

Em 2011, a Deep Six relançou o Common Senseless 7" e Downsided 7" em versões praticamente idênticas as originais, dando a oportunidade de termos estes clássicos por um preço acessível.
As gravações feitas no KXLU também foram relançadas pela Deep Six em 2013 como o EP Live On KXLU 1992.

Entre as bandas que mostram no seu som grande influência do No Comment, podemos citar Lack Of Interest, Backslider, xBrainiax, Hummingbird Of Death e claro, Low Threat Profile.

Integrantes:
Andrew Beattie - vocal
Vince - baixo/guitarra
Brent Jones - guitarra/baixo
Raul Calzada - bateria 


Demo Tape (1987)


Common Senseless 7" EP (1989)



Downsided 7" EP (1992)






87-93 CD (1999)

Live On KXLU 1992 7" EP (2013)



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